sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Vinhas


E não é que, muito antes desta "modernice" do Dia dos Namorados, já havia quem insistice em namorar.?Em terras do Minho era costume mesmo as moças bordarem um lenço para oferecer ao seu "conversado"

Motivos singelos e recados de amor escritos do mesmo modo como eram pronunciados.

E se o Ouro que se trazia ao peito era uma espécia de garanti ao caução para uma doença ou outro problema complicado na vida (quase um PPR), também podia ter rasto de jura de amor ou preito de fidelidade. Ouro ou prata trabalhados como se fora um bordado ou uma renda...

E se pela aldeias o namoro se fazia à porta de casa, nas casas mais ricas era convwersa (vigiada) de sala. Com apropriados móveis. Como esta "conversadeira"..

... ou esta "namoradeira". Que sempre iria permitir uns leves "aconchegos" sob ao atentos olhares da mãe da noiva.

Não fossem as necessidades comerciais que nos trouxeram o "São" Valentim, como é que nós, empedernidos de coração, iríamos aprender a namorar?

O denominado "Dia dos Namorados" é uma invenção recente entre nós, sem qualquer passado, memória ou raiz cultural. Tão recente... que ainda me lembro da sua invenção. Estávamos em 1982. Já nessa altura se sentia a crise do pequeno comércio - assustado com a chegada dos hipermercados (sem imaginar sequer o gigantismo de Centros Comerciais a que iríamos chegar…!). A iniciativa foi da União dos Comerciantes da cidade de Lisboa que, para isso, pediu apoio à Rádio Comercial cuja redacção nessa altura eu integrava. O riso que me provoca agora quando leio algumas peças jornalísticas (?) sobre este tal “Dia dos Namorados” (ou dia de São Valentim"). Como se, entre nós, ele não se resumisse a uma estratégia (legitima) de comerciantes e afins para adiar encerramentos, falências e despedimentos. E então quando desatam escrever sobre apaixonamentos e romantismos… Com o apertar da crises, este foi o ano de todos os namorados. E, para um singelo dia, foram meses de campanhas publicitárias. Com o leque de sugestões de presentes a dilatar exponencialmente. Tudo o que era restaurante inventou receitas e pratos especiais para a celebração. Como o dia não tinha qualquer rasto de celebração entre nós, tiveram de deitar mão a tudo o que era estrangeirice culinária ou arremedo de cozinha de autor. Mas... dos hotéis ao perfumes, dos telemóveis às jóias, dos chocolates aos relógios, foi um corrupio de anúncios. Desta vez, nem as Regiões de Turismo quiseram ficar de fora e ofereceram “escapadinhas”(escapadelas?) ou "love trips" para animar o mercado - que... isto da procura interna... vai mesmo mal. Houve até uma marca de automóveis que propôs que você oferecesse uma viatura novinha em folha à pessoa amada (neste caso, independentemente do estatuto de relacionamento, seria mesmo uma verdadeira “com/sorte”).

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